quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

A ILHA DOS AMORES










                                          A ILHA DOS AMORES


             No meu liceu dos anos 50, requisitar um livro era penetrar a Ilha dos Amores dos Lusíadas. É que a biblioteca - se é que se pode chamar biblioteca a um armário com meia centena de livros - ficava na sala dos professores e esta no 1º andar.
           Este espaço era ocupado exclusivamente por alunas e rigorosamente vedado aos alunos. Esta proibição sofria uma rara excepção quando algum rapaz pretendia requisitar um livro como era o meu caso, leitor esfomeado como sempre fui. Depois de pedir autorizalção ao contínuo que estava de plantão às escadas, subia até ao 1º andar onde me esperavam  ninfas perfumadas, sedentas de trocas de olhares e recatados sorrisos. Eu sentia-me um  sedutor Errol Flynn (o galã da época, vulgo Enrola o Filme), pronto a engatar o jovem mulherio.
              Contudo não tardou que alguns dos meus colegas passassem a fazer-me companhia nas idas até à Ilha dos Amores. À minha conta nunca se requisitaram tantos livros. Se eles os leram, não sei nem interessa. O que nos movia - e a mim também além da grande paixão pela leitura - era o estampido das hormonas. E eu pressentia nas ninfas o mesmo desassossego.





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