O primeiro e único automóvel de meu pai era um Opel Record, mudanças ao volante, 2000 cc., matrícula AL-23-09. Era um luxo ter um carro assim. Aliás, durante a penúria do salazarismo, possuir um automóvel era coisa rara além de ser encarado como forma de ostentação.
Era minha irmã Olga que o conduzia e não posso dizer que ela fosse propriamente dotada para as artes da condução. O que me ficou desses tempos das curtas viagens no Opel foram os avisos nervosos directos à condutora para ter cuidado com isto e com aquilo.
Nas descidas prolongadas, minha irmã era aconselhada por meu pai a meter o ponto-morto ou até a desligar o motor. A circunstância merecia dele o tradicional comentário de satisfação:
- Agora roubamos nós o Salazar.
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